sexta-feira, março 25, 2011

Bruta dor


Ele chega em casa parecendo que vai pô-la no chão, desesperado.
Estendo minhas mãos, tento acalmá-lo, e com uma palmatória recebo o açoite. Uma surpresa!
Abro a boca e por dentro da minha garganta passa o gosto ardente da pimenta posta em brutalidade.
Meu rosto cansado dos tapas escorrem lágrimas, escorre sangue.
Minhas pernas ensaiam uma queda diante do milho, apoiadas pelos meus joelhos.
Sou jogada contra a parede, minhas costas batem um som abafado. Recebo ponta pé, sou puxada pelo cabelo, lançada em uma mesa de vidro. Meu corpo talhado faz força para levantar, não resisto, durmo em seguida.
Um cochilo rápido, sou acordada com gritos, e peço pelo amor de Deus
_ Pare com isso, você vai me matar.
Ele olha em meus olhos, enxuga o suor que escorre pelo seu rosto, esboça um leve sorriso frio e calculista e cospe bem no meu rosto. Contou que teve um dia difícil e eu era a culpada por isso!

Gabriel Miranda

2 comentários:

  1. interessante narrativa, gabriel... vc a pensa teatralmente? vejo possibilidades, pois tem boas imagens. mas, na minha percepção, ela está mais próxima da literatura do que da cena.
    é isso mesmo?

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  2. Realmente mais próxima a literatura. Mas a possibilidade em teatro penso que seria na narrativa, com algumas partituras corporais ou movimentos coreografados, mostrando algumas das imagens criadas no texto. De inicio esse texto foi criado apenas como exercício individual, já que ele tem um ano de nascido. rs Estive revirando meus textos e o redescobri e resolvi postá-lo por ser imagético. Gabriel Miranda

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